Foto: Assessoria de Comunicação/Sesa
Para evitar acidentes com esses bichos, um dos principais cuidados recomendados pelo Toxcen é manter ambientes livres de entulho e lixo.
Segundo o coordenador do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo, Nixon Sesse, a maior parte dos acidentes envolveu escorpiões. Foram 58,6% dos 4.604 casos registrados. Ele explica que acidentes com escorpiões podem acontecer em áreas urbanas ou rurais. Na cidade, no entanto, os registros são mais frequentes devido à concentração de pessoas e, consequentemente, a maior produção e armazenamento de lixo em locais inadequados. Nesses locais se proliferam insetos e outros animais que servem de alimento para os escorpiões, além de servir de abrigo para este animal.
De acordo com Nixon Sesse, o escorpião pode ser encontrado em todo o Espírito Santo e em várias partes do país, mas quanto mais quente e seca a região, maior será a proliferação. O norte capixaba, por exemplo, registrou o maior percentual de acidentes com animais peçonhentos (confira tabela abaixo), sendo que 79,8% dos casos envolveram escorpiões. O mesmo foi observado na região central, onde 65,4% dos acidentes foram com escorpiões.
Nas áreas de maior prevalência de escorpiões, a orientação para evitar acidentes com esse animal é manter o quintal limpo, evitar entulhos, lacrar caixas de gordura e bueiros. Dentro de casa também é importante ficar alerta.
De acordo com o coordenador do Toxcen, antes de deitar e antes de dormir deve-se bater a roupa de cama, afastar camas e berços da parede, além de bater os calçados antes de usá-los. Ele também recomenda não colocar as mãos em locais escuros ou em que a pessoa não consiga ter uma boa visão.
Conforme explica Nixon Sesse, os sintomas após uma picada de escorpião são, geralmente, dor no local atingido, suor e formigamento. Em casos mais graves, há vômito, alterações cardíacas e falta de ar. Segundo o coordenador do Toxcen, após um acidente com esse animal a pessoa deve procurar atendimento imediato em um serviço de saúde, principalmente quando se tratar de crianças, idosos e pessoas que tenham doenças cardíacas.
Foto: Assessoria de Comunicação/Sesa
Serpente
Apesar de ficarem em terceiro lugar nos registros (14,3%), acidentes com cobras são potencialmente graves e precisam de outros cuidados para evitá-los. O coordenador do Toxcen informa que acidentes com esses animais costumam estar relacionados à atividade ocupacional da pessoa e ao habitat da serpente, encontradas em regiões de matas, entocadas à beira dos rios ou dentro d’água.
No Espírito Santo, os acidentes com serpentes predominam (36%) na região Sul. Muitos casos ocorrem de forma acidental ou por causa da atividade ocupacional, a exemplo dos relacionados à colheita de café. “A maior prevalência é em ambientes rurais, mas pode acontecer também no ambiente urbano. Caso a pessoa faça a limpeza de um terreno baldio, por exemplo, ela pode encontrar uma serpente”, explica o coordenador do Toxcen.
Para evitar acidentes com cobras em ambientes rurais é necessário usar bota de cano alto ou perneiras de couro. Recomenda-se ainda o uso de luvas de apara de couro se a pessoa for se embrenhar em matas ou plantações, seja a trabalho ou lazer. Isso porque nessas situações as mãos e os pés ficam mais expostos a picadas do animal.
E para quem gosta de se aventurar em trilhas e matas, a recomendação também é usar botas e não colocar as mãos em buracos. Outra orientação é não mexer em pilhas de lenha, evitar o acúmulo de lixo, tijolos, telhas e madeiras, porque podem servir de abrigo para cobras.
Segundo Nixon Sesse, em caso de acidente, a pessoa deve ser imediatamente levada a um serviço médico mais próximo, e, sem se expor a riscos, tentar levar o animal para identificação. Antes que a vítima seja atendida por um médico, é possível prestar os primeiros socorros lavando o local da picada com água e sabão, mantendo a pessoa em repouso e elevando o membro atingido pela picada. “É importante lembrar que não se pode fazer cortes, perfurações e torniquetes no local, pois pode levar a complicações e agravar o envenenamento”, explica o coordenador do Toxcen.
Outros animais
A aranha armadeira também é um animal que apresenta perigo, principalmente por ser agressiva quando ameaçada. Apesar de não ser frequente, ela pode aparecer em áreas urbanas, em residências próximas a matas ou terrenos baldios, por isso, deve-se tomar alguns cuidados.
É importante deixar áreas ao entorno de casa limpas, evitar o acúmulo de entulho, lixo doméstico (pois essa aranha é predadora de baratas), limpar periodicamente terrenos baldios e sacudir roupas e sapatos antes de usar. Segundo Nixon, a aranha armadeira tem hábitos noturnos e aparece em bananeiras, bromélias e troncos de árvores.
Acidentes
Em caso de acidente com animais peçonhentos, a orientação é procurar um serviço de saúde mais próximo de casa e entrar em contato com o Toxcen. Ao ser atendida, a pessoa pode enviar foto do animal para o número do telefone que o atendente fornecerá. E se a pessoa não tiver uma foto, pode descrever as características do animal para ajudar na identificação e na definição do melhor tratamento para a vítima.
O Toxcen oferece um serviço de informação para a população e profissionais da saúde sobre atendimento, diagnóstico e tratamento de agravos toxicológicos para o ser humano e animais. Em casos de suspeita de intoxicação, a pessoa deve entrar em contato com o serviço para receber a orientação necessária. O atendimento do Toxcen é realizado 24 horas por dia por meio do número 0800 283 9904.
Dados
Dentre os 13.054 registros contabilizados pelo Toxcen no ano de 2014, 35,3% (4.604 casos) foram acidentes causados por animais peçonhentos. A maior parte das vítimas (50%) tinha entre 20 e 49 anos de idade. Na faixa etária pediátrica, as crianças de 10 a 14 anos e os pequenos de 01 a 04 anos de idade foram os mais atingidos.
Percentual de acidentes por tipo de animal peçonhento
| |
Escorpiões |
58,6%
|
Outros animais peçonhentos (abelhas e marimbondos) |
18,6%
|
Serpentes |
14,3%
|
Aranhas |
8,5%
|
Acidentes com animais peçonhentos por região de saúde
| |
Norte |
49,7%
|
Metropolitana |
24,6%
|
Central |
15,9%
|
Sul |
8,8%
|
Fonte: Sesa-ES
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