Manter a hegemonia no continente americano e, assim, embalar na reta final de preparação para o Rio 2016. Essa é a meta traçada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, que serão disputados na cidade canadense entre os dias 7 e 15 de agosto.
Nas últimas edições do Parapan, o Brasil teve um desempenho extraordinário. No Rio de Janeiro, em 2007, o país finalizou a competição no topo do quadro de medalhas, tendo subido ao pódio 228 vezes (83 ouros, 68 pratas e 77 bronzes). O Canadá terminou em segundo, com 112 medalhas (49 delas de ouro), seguido pelos Estados Unidos, com 117 medalhas (37 de ouro).
Quatro anos depois, em Guadalajara, no México, a campanha brasileira foi marcada por um novo triunfo. Com uma delegação de 231 atletas, o Brasil sagrou-se o campeão, após conquistar 197 medalhas (81 ouros, 61 pratas e 55 bronzes). Os Estados Unidos terminaram em segundo (132 medalhas – 51 ouros), com o Canadá em terceiro (165 medalhas – 50 ouros).
Agora, para competir no maior evento esportivo do continente, a menos de ano dos Jogos Paraolímpicos do Rio - que serão realizados entre 7 e 18 de setembro de 2016 - o Brasil levará para Toronto um time ainda maior do que o montado para Guadalaraja, de acordo com o presidente do CPB, Andrew Parsons.
Foto: Marcio Rodrigues/CPB/MPIX
“São mais de 300 atletas, com uma delegação superior a 400 integrantes na Vila. Os atletas ainda estão se classificando para o Parapan em várias modalidades, pois todas elas têm um guia de qualificação. Nas modalidades coletivas a gente já se qualificou para todas. Agora, estamos vendo no atletismo, na natação e em outras com quantos atletas a gente vai em cada uma dessas modalidades individuais”, adiantou Parsons.
Segundo o dirigente, o fato de o Brasil, por ser país-sede dos Jogos Paraolímpicos, já estar classificado para várias modalidades em 2016 não fará do Parapan de Toronto um teste de luxo. “De forma nenhuma. Temos quatro grandes metas de resultado, das quais duas já alcançamos, que foi o primeiro lugar em Guadalajara 2011 (nos Jogos Parapan-Americanos) e o sétimo lugar em 2012 (nos Jogos Paraolímpicos de Londres)”.
“A manutenção do primeiro lugar no Parapan é uma meta técnica do Comitê Paralímpico Brasileiro. Então, apesar de já termos muitas vagas asseguradas para o Rio 2016, muitas vagas vão estar em jogo em Toronto e não podemos esquecer que os outros países lutarão para conquistar suas vagas para o Rio, o que, consequentemente, aumenta o nível da competição. Além disso, o Parapan será no Canadá, que é um país muito forte no esporte paraolímpico e eles já nos avisaram que vêm com a delegação muito forte. Mas a gente vai para ganhar”, avisou o dirigente.
Planos para 2016
Para os Jogos Paraolímpicos Rio 2016, a meta do Brasil e terminar a competição entre os cinco primeiros do quadro de medalhas. Na edição de Londres 2012, o país encerrou sua participação em sétimo, com 43 medalhas, das quais 21 foram de ouro, 14 de prata e oito de bronze.
A campanha na Inglaterra representou um salto de duas posições em relação aos Jogos Paraolímpicos de Pequim 2008, quando o Brasil terminou em nono lugar, com 47 pódios (16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes).
Para 2016, Andrew prefere não estipular quantas medalhas de ouro serão necessárias para que o país possa chegar ao top 5. Mas adiantou que se os atletas chegarem a 28 medalhas douradas já será um feito incrível.
“Essa é uma meta (top 5) que a gente tem dito que é possível, é factível, mas é difícil. Temos que superar os Estados Unidos e a Austrália, que são suas potências não só paraolímpicas, mas no esporte em geral”, explicou Andrew.
“Mas a gente tem feito o nosso trabalho junto com o Ministério do Esporte, junto com patrocinadores e outros níveis de governo que têm nos apoiado. Nosso plano é que a gente mantenha os resultados dessa geração que foi vitoriosa em Londres, com Daniel Dias, André Brasil, Terezinha Guilhermina, entre outros, e que consiga ampliar o resultado de alguns atletas, como, por exemplo, o Jovane Guissone, que foi medalhista de ouro na espada. A ideia é que a gente tente fazer com que ele ganhe também no florete”, adiantou.
Andrew revelou outros detalhes dos planos do CPB para 2016 e ressaltou a importância que a nova geração do esporte paraolímpico brasileiro terá nesse processo. “Vamos tentar também fazer com que velocistas que ganharam medalhas de ouro nos 100m consigam ganhar no 100m e 200m. Além disso, estamos com o olhar bastante próximo nesses dois adversários, Estados Unidos e Austrália, e a gente está tentando ganhar medalhas de ouro em provas que eles conseguem ganhar o ouro. Isso é o que, no futebol, a gente chama de jogo de seis pontos. Além disso, temos uma geração que a gente chama de Pós-Londres, que é muito forte, com Verônica Hipólito (atletismo), Talisson Glock (natação), Roberto Alcalde (natação), que são nomes que ainda não são tão conhecidos nacionalmente, mas esses três que eu citei são medalhistas em Campeonatos Mundiais adultos e o mais velho deles tem 20 anos”, destacou.
“Temos ainda outros atletas em modalidades que têm crescido, como a Bruninha (Bruna Alexandre), no tênis de mesa. A gente tem também uma geração pós-Londres em modalidades que não estavam no programa de Londres, como a canoagem e o triatlo, modalidades novas, com atletas que são campeões mundiais, como o Fernando Fernandes, na canoagem, e outros que estão nas primeiras posições do ranking mundial. Tem uma série de iniciativas que a gente está tendo para brigar efetivamente pelo quinto lugar. Hoje eu diria que a gente está exatamente onde queremos na preparação. Mas se vai chegar no quinto lugar ou não é outra história”.
Projeção de pódios para o Rio
Quando se fala em meta final do quadro de medalhas nos Jogos Paraolímpicos, o normal é pensar que a matemática entre imediatamente em cena e que as projeções de quantos pódios serão necessários para que o Brasil possa atingir o quinto lugar em 2016 já estejam prontas. Entretanto, Andrew Parsons explicou que, ao contrário do que muitos imaginam, essas contas não são tão simples.
“A Austrália foi o quinto lugar em Pequim (2008) e eles ganharam 23 medalhas de ouro. Eles ficaram com o mesmo quinto lugar em 2012 (Londres), só que com 32 medalhas de ouro”, comparou. “Então, o número de medalhas varia muito de uma Paraolimpíada para a outra. Para nós, se a gente chegar a 28 medalhas de ouro, mas não chegar no quinto lugar já terá sido uma baita de uma evolução. Em Pequim, esse número daria para ser quinto lugar. Mas em Londres, não. Então a gente não usa muito essas projeções”.
Segundo o dirigente, os atletas paraolímpicos contam os dias para competir no Rio, em 2016. Para eles, os Jogos no Brasil serão a melhor oportunidade que terão para divulgar suas modalidades para o país.
“Tenho visto só motivação. Nossos atletas estão muito conscientes de todos os desafios individuais que eles têm e da chance que têm de representar bem o Brasil em 2016. Os Jogos Paraolímpicos no Rio representam para o esporte paraolímpico uma oportunidade única de afirmação, de mostrar as modalidades para o público brasileiro e de fazer com que ele entenda que se trata de alto rendimento. Vejo que todos estão abraçando isso como uma oportunidade e não como algo que traga uma responsabilidade a mais, pois responsabilidade eles já têm dentro da pista, da quadras, das piscinas, e lidam muito bem”, encerrou o presidente do CPB.
Fonte: Agência Brasil
0 Comentários