No último dia 06, comemorou-se o Dia Nacional de Luta contra Queimaduras. Uma data importante, considerando que ainda é grande o número de pessoas que vão parar no hospital por causa de acidentes que provocam queimaduras. No primeiro quadrimestre deste ano, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, em Serra, realizou 3.538 atendimentos, entre consultas, procedimentos ambulatoriais e cirurgias, uma média de 29 pessoas por dia sendo atendidas por causa de queimaduras.
Recentemente, o CTQ do Hospital Dr. Jayme admitiu uma mulher com sete meses de gestação que sofreu queimaduras de 2º e 3º graus. “Eu estava com muita vontade de comer pele de galinha frita. Então fui ao posto de gasolina e comprei álcool para fritar. Coloquei o galão com o álcool no chão e me descuidei, de repente, uma explosão. Eu fiquei desesperada e tentei correr, mas escorreguei e cai. Comecei a gritar, meu marido e meu filho vieram me ajudar, mas eu estava em meio ao fogo na cozinha. Foi desesperador”, contou a dona de casa Maria da Penha Francisco, que estava usando um fogão improvisado.
Maria da Penha chegou ao Centro de Tratamento de Queimados em estado grave. No primeiro momento, os médicos precisaram fazer uma cesárea de urgência para salvar o bebê. A mulher permaneceu seis dias internada na UTI do CTQ e passou por vários procedimentos delicados, como escarotomia e fasciotomia, que são cortes ao nível da pele com o objetivo de permitir que o tecido queimado possa se expandir.
Outro caso grave atendido no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Estadual Dr. Jayme foi o de Vanderlei Ferreira Ramos, de 47 anos. Ele trabalhava sob andaimes, a nove metros de altura, na instalação de pastilhas na fachada de um prédio, quando encostou uma régua metálica de construção em fios elétricos. A descarga de alta tensão fez o soldador desmaiar.
O Serviço de Atendimento Móvel (SAMU) foi acionado e conseguiu controlar o fogo que estava no corpo do soldador com soro fisiológico e pano úmido. Vanderlei teve queimaduras de 3º grau nos braços, na barriga e nas pernas, e passou por diversos procedimentos, mas ainda não tem previsão de alta. “O Vanderlei precisou ficar nove dias na UTI e também passou por procedimentos como escarotomia, fasciotomia, debridamento, que é a limpeza dos tecidos desvitalizados, além de enxertia cutânea. O enxerto foi realizado na perna direito e no tronco e, até o momento, ele está apresentando uma boa evolução clínica”, relatou a médica Marcelle Gaigher.
Ferimentos leves
Mas não são apenas casos graves que o CTQ do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves atende. Entre janeiro e abril de 2015, dos 3.538 atendimentos, 1.792 foram de procedimentos ambulatoriais, ou seja, pessoas com ferimentos leves e que precisam ainda de curativos e outras intervenções pequenas.
O caso de Marta Garcia Teotônio é um desses. “Eu estava fritando salgadinho quando um simplesmente explodiu. Foi algo que nunca aconteceu. Aí parte do óleo espirrou em mim, doeu muito. Como sou estudante de enfermagem, tenho algum conhecimento na área, por isso, a primeira coisa que fiz foi lavar os ferimentos com água corrente e fria, e depois procurei um Pronto Atendimento que fica perto da minha casa, mas continuava doendo muito, então resolvi vir até o Jayme”, explicou a estudante.
Marta disse ainda que os vizinhos indicaram colocar cloro e manteiga sobre os ferimentos. No entanto, de acordo com a médica Marcelle Gaigher, esse é um erro muito comum. “As pessoas falam em colocar manteiga, pasta de dente, café e outras substâncias, mas isso tudo é crença. O que deve ser feito para proporcionar uma boa recuperação e evitar complicações é bem simples: lavar com água corrente, procurar imediatamente tratamento médico especializado, evitar automedicação e uso de produtos da crença popular e evitar também realizar por conta própria qualquer tipo de curativo”, explicou.
A médica ressalta que a demora no atendimento médico especializado e o uso de produtos não adequados por conta própria são fatores que podem causar infecção e prejudicar futuras cirurgias necessárias para a recuperação do paciente. Além de provocar cicatrizes inestéticas, ou seja, marcas pelo corpo que afetam esteticamente a vítima e que pode causar também a perda de mobilidade da parte afetada, ocasionando a necessidade de realização de cirurgias complexas para reparação. “O tratamento adequado pode até evitar que uma cirurgia seja necessária”, reforça Marcelle Gaigher.
Foto: Assessoria de Comunicação/Sesa
Estrutura
O Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves possui sete leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e 10 leitos de enfermaria, sendo referência para o atendimento de todos os casos envolvendo queimaduras no Espírito Santo.
“O CTQ conta com uma equipe experiente e capacitada para atender os diversos casos que dão entrada na instituição. São técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos especialistas em cirurgia plástica, intensivistas e anestesistas, além de fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e psicólogos à disposição dos pacientes”, disse a diretora-geral do Hospital Dr. Jayme, Katiana Erler.
Segundo a médica Marcelle Gaigher, o perfil dos pacientes internados no CTQ são mulheres e homens, na faixa etária de 31 a 60 anos. De acordo com ela, a principal causa de atendimento envolvendo mulheres são acidentes domésticos e, no caso dos homens, acidentes de trabalho.
Projeto Jayme Itinerante
A fim de promover a educação em saúde de forma preventiva, o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves desenvolve o projeto Jayme Itinerante. Por meio dessa iniciativa, o hospital informa, tira dúvidas e conscientiza meninos e meninas de escolas públicas do município da Serra sobre temas importantes, como acidentes que podem gerar queimaduras graves.
A próxima edição do projeto está programada para o dia 26 de junho e será uma conversa sobre como evitar queimaduras. Um grupo de profissionais da instituição, incluindo a médica do CTQ Marcelle Giagher, vai à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Hilda Miranda Nascimento, em Porto Canoa.
Para que sua escola seja contemplada, basta solicitar a visita por meio do telefone 3331-7713 ou pelo e-mail marta.almeida@hejsn.aebes.org.br.
Fonte: Sesa-ES
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