Hospitais: 46% de atendimentos não são de urgência e emergência

Do total de atendimentos realizados em sete hospitais estaduais em 2014,  46% deveriam ter sido feitos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Pronto Atendimentos (PAs). Isso porque esses atendimentos foram classificados como verde e azul, o que significa, segundo os critérios do acolhimento com classificação de risco, que eram casos pouco urgentes ou não urgentes.

                                                                                                          Foto: Reprodução

De acordo com a coordenadora de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Engre Beilke, devem ser atendidos em prontos-socorros somente casos de urgência e emergência, ou seja, pacientes que correm risco imediato de morrer, de perder a função de órgãos e membros ou de ter seu quadro agravado caso não receba assistência. Segundo ela, a demanda inadequada nos prontos-socorros estaduais sobrecarrega o atendimento nos hospitais, e uma das causas desse problema tem relação com aspectos culturais da população.

“As pessoas têm o costume de procurar de imediato o pronto-socorro sem passar pelas unidades de saúde acreditando que, pelo fato de o hospital contar com uma estrutura maior, seu problema será resolvido com mais rapidez. No entanto, o hospital dispõe de uma estrutura mais complexa justamente porque ali devem ser atendidos casos com maior gravidade”, argumenta.

Conforme explica Engre Beilke, a demanda inadequada por atendimento que não é de urgência e emergência foi verificada em hospitais estaduais que possuem acolhimento com classificação de risco. Ela explica que para fazer essa classificação é utilizado como instrumento o Protocolo de Manchester, que permite ao profissional classificador avaliar a queixa do paciente e, a partir do que ele relata, enquadrá-lo em uma das prioridades de atendimento, que vai desde emergência absoluta até sem urgência.

A cor vermelha significa emergência absoluta; a alaranjada, muito urgente; a amarela, urgente; a verde, pouco urgente, e a azul, sem urgência. Pelo protocolo, somente casos classificados como amarelo, laranja e vermelho estão corretamente direcionados para atendimento hospitalar, os demais podem ser resolvidos nas unidades básicas de saúde e pronto atendimento.


Porcentagem de pacientes classificados como verde ou azul, que não precisariam de atendimento nos hospitais estaduais em 2014.


Hospital Estadual
Porcentagem
Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, Serra
52%
Hospital Estadual São Lucas, Vitória
40%
Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, Vila Velha
49%
Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha
57%
Hospital Estadual Infantil de Vitória
52%
Hospital Estadual Dr. Roberto Arnizaut Silvares, São Mateus
46%
Hospital Estadual Silvio Avidos, Colatina
30%

Classificação de risco
Classificação/cor
Vermelho: emergência absoluta; risco imediato de perder a vida
Laranja: risco imediato de perda de função de órgãos e membros
Amarelo: urgente, condição que pode agravar sem atendimento
Verde: pouco urgente, atendimento com prioridade em unidades básicas de saúde
Azul: não urgente, agendamento em unidade básica de saúde


Atenção primária

Segundo dados do Grupo Brasileiro de Classificação de Risco referente ao período entre 2011 e 2015, as prioridades clínicas no país são em média 56% para atendimento pouco urgente (verde), ou seja, que poderiam ser atendidos em unidades básicas de saúde.
 
Atenta à necessidade de construir uma atenção primária à saúde mais resolutiva, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está investindo na elaboração de planos regionais de Saúde, em conjunto com os municípios capixabas.

De acordo com o gerente de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Sesa, Francisco José Dias da Silva, o objetivo é direcionar os recursos de forma mais eficiente, para que sejam criados e melhorados serviços de saúde de acordo com o perfil de cada região. “Um dos resultados esperados é que, ao longo do tempo, a qualificação desses serviços reduza, gradativamente, a demanda inadequada – verde e azul – dos grandes hospitais de urgência”, explica o gerente.

A Sesa planeja ainda levar melhorias de infraestrutura para a rede básica de saúde dos municípios. Essa medida é importante para reduzir a sobrecarga dos leitos hospitalares, já que cerca de 80% dos problemas de saúde da população podem ser resolvidos com uma atenção básica de qualidade.

Estão previstas 14 Unidades Saúde da Família (USF). Cada uma contará com cinco consultórios, espaço para higiene bucal, sala de inalação, imunização, suturas e curativos, farmácia e auditório com 75 lugares. Este ano foi entregue uma USF em Viana, e estão previstas ainda inaugurações em Alto Rio Novo, Bom Jesus do Norte, Colatina, Guarapari, Iúna, Mantenópolis e Conceição da Barra.

Para 2016, está prevista a inauguração da USF em Castelo, Domingos Martins, Guaçuí, João Neiva, Marataízes e Pedro Canário, que contará com duas Unidades Saúde da Família.

A construção da Unidade Saúde da Família é financiada pela Sesa, que também viabiliza equipamentos médico-hospitalares e mobiliário. A cessão do terreno e a contratação de profissionais são de responsabilidade do município.

Fonte: Sesa-ES

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